sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A cidade sitiada

Nome: José Vitor Mafra dos Santos
Série:5°
Ano: 1994
Editora : Moderna
Autor( a ): Rebeca Cabral



Lucrécia Neves era uma moradora de São Geraldo. Um subúrbio que aos poucos e lentamente se transforma acompanhando a modernização ao redor. Lá havia uma grande quantidade de cavalos que disputavam a rua com os moradores, via-se também galinhas e com o cheiro dos poucos motores se misturava o aroma do campo.

Lucrécia morava com a mãe, Ana. Era extremamente patriota em relação ao subúrbio, se sentia dona da cidade. Era magra e alta, o rosto era pálido e em alguns momentos apresentavam manchas negras, talvez pelo efeito da luz, era uma mulher fria e também, pode se dizer, ingênua.
Sua mãe era viúva, viviam as duas juntas em uma casa cheia de bibelôs, a comunicação entre mãe e filha não se podia caracterizar como boa e na verdade juntas encenavam uma “farsa”. Não eram pobres, o que tinham dava para ter uma vida adequada sem luxos ou extravagâncias.
Lucrécia namorava Felipe, ele fazia parte da cavalaria e ela amava homens do exército; aqueles que usavam fardas e carregavam armas, Felipe se enquadrava. Ao mesmo tempo saia com Perseu, um jovem bonito, talvez o homem mais bonito que ela já tivera, ele gostava dela, achava-a maravilhosa, no entanto, para ela Perseu era um belo e educado homem e também um fraco, já que ela se mantinha na frente do relacionamento deles.
Ela e Felipe romperam no momento em que ela lhe negou um beijo e ele ofendeu o subúrbio dela, ela o criticou como forasteiro e assim acabou o romance, ele tinha farda, porém não pertencia a São Geraldo. Perseu e ela também acabaram se separando, mesmo depois da tentativa dele de mudar seu jeito de ser, ao que Lucrecia reagiu negativamente, fazendo-o voltar a ser o Perseu maravilhado pela pessoa dela.
Nessas circunstâncias existia Mateus, um homem rico, morador da metrópole, mas que vinha a São Geraldo e fazia visitas a Ana com o verdadeiro intuito de conseguir Lucrécia. Como sua idade de casar já chegara, Lucrécia casou-se com ele e foram para a metrópole.
Lá iam a festas e teatros, Lucrécia ao mesmo tempo se espantava e admirava o ritmo acelerado da metrópole com toda a sua chamada modernidade. Moravam em um hotel e ela não fizera amizades e não compreendia o marido, porém o amava.
Mateus era rico, saía cedo para trabalhar e era bondoso. Lucrécia só compreendeu seu jeito de ser quando ele morreu. Foi ai que descobriu a bondade do marido e como para ele a vida deles era boa e que para ele levá-la a passeios e mandar que arrumassem o cano era a rotina do casamento o alegrava.
Lucrécia, cansada da metrópole, decidiu voltar a São Geraldo e Mateus aceitou instantaneamente a idéia. Ana havia se mudado para uma fazenda de um parente ou conhecido e assim eles moraram na antiga casa de Lucrécia. A esse ponto, no subúrbio os cavalos já davam espaço para os bondes, fábricas surgiam e um viaduto fora construído varrendo os cavalos, galinhas e o cheiro de campo para longe.
Como Mateus viaja muito em uma de suas viagens deixou Lucrécia em uma ilha. Visando que ela engordasse e não ficasse só em São Geraldo. Nessa ilha vivia Dr. Lucas, já conhecido de Lucrécia. A mulher dele vivia em um manicômio e foi assim que ela se apaixonou pelo doutor, eles passeavam juntos e às vezes os braços se tocavam, ela mais apaixonava. Ele declarou impossível o romance, e depois se questionou se Lucrécia reapareceria.
Na noite seguinte ela estava lá declarando que por ser impossível não iria acontecer. Os dois viveram um romance. Mais tarde Lucrécia voltou a São Geraldo e Mateus morrera. Ela sofreu, arrependeu-se de como era ávida com o marido, sempre a pedir sem nunca compreender o quão bom ele era.
Nesse tempo, Perseu se tornara um homem, encontrara uma mulher no trem com quem se sentou pra beber depois da viagem e fora ser médico, um bom médico em outra cidade.
Viúva, ela morava só no subúrbio que não era mais o seu subúrbio. Os cavalos foram banidos e a nova geração tomava conta das ruas, essa também domada pela modernidade. Foi assim que recebeu uma carta de sua mãe, um homem de “bom coração” se interessara por ela (tinha visto uma foto). Lucrécia se encantou com a novidade, teria o luxo de ter tido dois maridos e assim foi embora de São Geraldo.

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